Projeto documenta os ritmos musicais da Amazônia

De quantos ritmos é feita a floresta? Para mais de 40, garante o DJ, produtor e pesquisador musical Zek Picoteiro, que lança o projeto Afluentes, uma série de podcasts, vídeos e site interativo que convidam a um mergulho profundo na potência dos povos que dançam lambada, tecnobrega, tocam tambor e fazem da Amazônia um celeiro musical. Uma infinidade de distintos gêneros musicais, mas que seguem uma única inspiração. A paisagem amazônica e a correnteza dos rios, como revela o produtor e pesquisador musical DJ Zek Picoteiro.
“É impossível olhar a Amazônia como uma coisa só. Mas, se tem uma coisa que junta, que está conectada com todas as sonoridades, é a relação das pessoas com o rio. Então, cada gênero musical ou nasce na beira do rio, ou ele é espalhado, ele circula pelos rios, trafega, navega pelos rios. Ou ele conta sobre a paisagem que os rios formam, ele conta sobre as músicas que são inspiradas pela paisagem dos rios. Então, a relação ribeirinha na Amazônia acaba sendo um traço cultural que determina o nosso jeito de se relacionar com a música.”
Zé percorre o rio Amazonas e alguns dos seus principais afluentes como o Tapajós e o Guamá. O objetivo é mapear gêneros musicais produzidos no fluxo desses rios, emergindo na cultura ribeirinha para compreender a maneira como o amazônida compõe, toca, produz, escuta e distribui a sua própria música. É no encontro das águas que surgem as festas de Beiradão. Os tambores do carimbó, o swing da lambada, as toadas de boi-bumbá, os batuques de marabaixo e as batidas do tecnobrega. Ritmos que são temas da primeira temporada do projeto que, além da música, traz depoimentos, testemunhos e vivências a cada episódio, como garante Zek Picoteiro.
“Tem histórias maravilhosas sobre como surge o Carimbó. Como o Tecnobrega se espalha como pororoca, né? Tem histórias maravilhosas também sobre como o Mestre Vieira, lá no interior, lá em Barcarena, na beira do rio, tem uma relação profunda com a guitarra elétrica, a música brasileira. Estava questionando a presença da guitarra elétrica. Caetano Veloso e Gilberto Gil, supersubversivos, assim, introduzindo a guitarra elétrica na música brasileira. Aqui nos anos 60, 70, estava lá o Mestre Vieira fazendo a mesma coisa. Uma música instrumental na beira do rio, para fazer o povo dançar.
Os dois primeiros episódios com o beiradão, o ritmo do Amazonas, e o tecnobrega, o ritmo do Pará, já estão disponíveis em todas as plataformas digitais. Acompanhe um site contendo um mapa interativo da bacia hidrográfica amazônica, junto a informações sobre gêneros sonoros, artistas e movimentos musicais da região.
Um repositório central de todos os conteúdos produzidos, artigos diários de bordo, playlists e sets mixados. O projeto é fomentado pelo programa Funarte Retomada, com produção do Instituto Regatão Amazônia, realização da Fundação Nacional das Artes e Ministério da Cultura e Governo Federal.





